As posições comuns entre Portugal e o Brasil marcaram a conversa entre Marcelo Rebelo de Sousa e Jair Bolsonaro, nesta segunda-feira, num encontro sem espaço para discutir divergências ou uma eventual visita do presidente brasileiro a Portugal.
“O encontro – almoço com o Presidente da República Federativa do Brasil enquadrou-se no espírito de haver, como sempre, imensos pontos em comum entre portugueses e brasileiros, entre Portugal e o Brasil”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, que encerrou sua visita em Brasília, após o encontro no Palácio da Alvorada, residência oficial de Bolsonaro.
O encontro seguido de almoço marcou o fim da agenda da visita de trabalho de quatro dias ao Brasil, que teve principal objetivo a reinauguração, no sábado, do Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo.
“Temos muito a concretizar e a realizar”, acrescentou Marcelo Rebelo de Sousa, apontando como prioridades o “estreitamento das relações de cooperação, o aprofundamento da vertente econômica da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) e o objetivo de chegar a um acordo entre a União Europeia e ao Mercosul”, de que Portugal defensor.
Apontou ainda a participação de Portugal nas comemorações dos 200 anos da Independência do Brasil, em 2022, bem como a possibilidade de um acordo para o reconhecimento reciproco das vacinação contra a covid-19.
Marcelo Rebelo de Sousa admitiu que, com um grande “conjunto de dossiers em que era preciso chegar a convergência” de fora da conversa ficaram os assuntos em que poderia haver divergências.
Questionado pelos jornalistas sobre uma concentração de pessoas sem máscara da parte da delegação brasileira, Marcelo Rebelo de Sousa escusou-se a “formular juízos” sobre a postura de “um anfitrião que recebia em sua casa”.
“A delegação portuguesa esteve como tem estado sempre em todos os encontros e cerimônias oficiais. Fizemos aquilo que era expectável da parte portuguesa, não temos de formular juízos”, disse.
Marcelo Rebelo de Sousa adiantou, no entanto, ter feito com o Presidente Bolsonaro um ponto de situação sobre a pandemia “na ótica portuguesa” e ter ouvido um ponto de situação da pandemia “na ótica brasileira”.
“Pudemos dar um testemunho mais rico falando da variante Delta, porque temos como toda a Europa uma percentagem esmagadora de casos de variante Delta, o que ainda não se passa no Brasil”, disse.
O chefe de Estado português assinalou ainda que durante o encontro “houve uma preocupação muito clara de explorar todos os caminhos, posições comuns e passos a dar em conjunto”.
Fora da conversa ficou também a abordagem sobre uma eventual deslocação de Jair Bolsonaro a Portugal. “Não falamos de viagens próximas. Portugal apresentou o seu calendário eleitoral e registrou o calendário eleitoral brasileiro, mas não falamos de nenhum tipo de programação desse teor para o futuro”, disse.
Deputados
Antes do Alvorada, Marcelo Rebelo esteve pela manhã com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, na Chancelaria da Embaixada de Portugal.
No encontro, foi abordado temas como a retomada dos trabalhos no Parlamento, com a intenção de votação de reformas, além do Acordo Mercosul-União Europeia, no contexto da política ambiental, e a atual situação pandêmica.
Além do Ministro dos Negócios Estrangeiros e o Embaixador de Portugal em Brasília, também participou da reunião o deputado Antonio Brito (PSD-BA).
Segundo divulgou a imprensa portuguesa, na volta ao país, o presidente Marcelo Rebelo não precisará cumprir quarentena, já que de acordo com decreto-lei, a apresentação de Certificado Digital COVID-UE dispensa o cumprimento de quarentena ou isolamento por motivos de viagem.
Fonte: Mundo Lusíada